segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

2.º Trail Running Bucelas


A Bunch of Meninos
Domingo passado, esta frase não me saíu da cabeça... nem no dia da prova, nem nos dias subsequentes...
Trata-se do nome do último álbum de uma banda que muito aprecio (Dead Combo),
Capa do disco «A Bunch of Meninos», Dead Combo
mas também daquilo que pensei ao longo do 2.º Trail Running de Bucelas, tantas vezes repeti a mesma palavra.

Esta é das melhores provas para iniciados, segundo dizem os entendidos:
25K com c. 900mts de desnível positivo,
disputada na «Capital do Arinto».
A chuva dos últimos dias deixou os trilhos com lama até dizer chega... de véspera, ando em passagem de modelos lá por casa, a testar quais os melhores para enfrentar a dita... a maior parte dos que tenho, não tem «dentes» em condições para uma prova destas... opto pelos Adidas Response Trail 18, pouco usados mas com piso que parece o adequado... espero não me arrepender.

Fico ainda surprendido por ser incluído numa notícia espanhola, de um grupo de corrida a que me associei...
Nada mau! ;)

Bucelas, 08:30
Frio q.b. e sem chuva, recolho o dorsal e começo a ver caras conhecidas da estrada...
José Carlos Melo, um Ultra ultra...
 Flávio e esposa...
Encontro também o Ultra Sanguino, «na descontra» para uma prova que é um mero treinito para ele... e uma das caras mais bonitas do trail, a já expert Susana Brás Santos, chegada da sua aventura abútrica...

Partida
Eu só quero chegar inteiro, o tal «menino da cidade» e da estrada, parto sem companhia definida... o Flávio vai devagar demais e a Susana diz-me que fará apenas os 15, acompanhando uma amiga... corre quase em pontas, e ouço algumas vozes que comentam o seu estilo de corrida... eu acho óptimo, de verdadeira atleta, ao contrário da maioria de heel-strikers, que por cá vagueia...
 Saímos da estrada, primeiras subidas, primeiro contacto «lamaçal»... sigo nas calmas... são 25K e não quero estragar nada... 
Menino! - grito eu interiormente...

Apanho um «artista» durante uns kms, que segue acompanhado com um colega e que não se cala um segundo... devia ter trazido música... manda bocas a tudo o que mexe... e conforme se apercebe de quem não é trailer por natureza, lá vai brincando, à sua maneira...
Chegamos perto da água e eu penso: «é agora que vou atravessar o tal ribeiro»... nopes... só lama, muita! Água? Coisa pouca...
Começamos a subir novamente... túnel e finalmente largo o «artista»... salvo pela Analice, que é «obrigada» a tirar uma foto com o dito!

Primeiro abastecimento
Desta vez, tenho de me alimentar não vá correr o risco do AX Trail... banana, a minha água e siga!

Hein...? A Susana vai à minha frente??? Como é possível, naquela passada de bailarina? Cortou caminho? :)
Aproximo-me e percebo... já são muitas provas, Paulo! 
Esquece lá isso... a miúda «parece» que não corre... mas tu é que vais demasiado devagar... deixa ir! 
Mal chegamos a um belo carrossel de montes, é vê-la desaparecer à minha frente... 
Menino! 

Subidas, subidas, lama, lama...
Talvez a mais longa, chega agora...
Quem ouço? A Grande Analice... passa por mim, nas calmas... mais uma banhoca de humildade, meu caro!
Outro título bom para o que vou fazendo: «Este país não é para meninos!»

Começa a descida e aí, pareço eu o expert?!?... vou passando pessoal...
Reflicto, se estou preparado para os 25?!?
São só 25 e tu já te questionas??? Vais ter 50 para fazer!
Menino!

Lá vou escorregando pelo lamaçal... descendo e chego ao desvio para quem faz apenas 15...
Não há alternativa, pois não? Vais fazer os 25!

Paragem técnica... fico sozinho e nunca mais ninguém aparece...
Vou retomar e aparece um grupo com c. 5 ou 6 trailers, sigo com eles... serão a minha companhia, em quase todo o resto da prova...

Subidas, descidas... Analice passa, passo a Analice...
Passamos por debaixo da CREL... subida íngreme... caminhada... conversa ligeira...
Alguém grita, quando estamos a chegar ao final da subida...
Havia um desvio a meio da subida e ninguém se apercebeu... toca de descer e retomar o trilho...

Falta a parede anunciada no percurso... mas, por agora, descemos... 
Analice parada à minha frente, pede-me ajuda para descer, para atravessar um pequeno ribeiro... dou-lhe a mão... diz que «o que lhe dá mesmo prazer, são as subidas! Não gosto de descer»
Passamos as eólicas...
Seguimos, subida, reabastecimento... Analice fica a retemperar forças, eu sigo...
Difícil retomar o ritmo... mas qual ritmo?
Menino!

Do nada, aparece-me uma central eléctrica pela frente... vou pensando em tirar fotos do que vejo, mas são apenas mentais... se já vou lento assim, com fotos então...

Finalmente, temos uma paredita... mãos ao terreno e toca de trepar... uma atleta diz-me que aquela é a última parede... pensei que fosse pior...
Já não falta muito... golpe de teatro! 
Mais um sinal de perigo, numa descida (foram alguns os avisos, percurso excelentemente assinalado)... um elemento da organização avisa-nos:
«agora, devem caminhar MESMO! O percurso está muito mau aqui, íngreme e escorregadio...»
Pois, era o que devia ter feito! Lá fui eu a descer, a escorregar... quase a cair... não... caí mesmo e continuo a escorregar... agarro-me ao primeiro ramo que consigo... não era um ramo, era qualquer coisa cheia de espinhos e rasgo a mão direita... rasgar é o termo... golpes em três dedos! E o sangue a escorrer, ali está para provar, mesmo com a mão coberta de lama, o vermelho forte sobressai...
Não fui feito para o trail? 
Menino!
Qual menino, pá?
Como alguém já disse: «O sangue é uma coisa que não me assiste!»
Perguntam-me se estou bem, mas é nestas alturas, quando estou chateado comigo mesmo, que tenho ainda mais vontade... vamos lá acabar isto e depressa!

Passo por três rapazes, um deles vai em mau estado...levado quase em ombros, pelos colegas... 
O meu reino pelo riacho! Quero limpar-me!!!
Finalmente, a descida termina! Atravessamos mais uma estrada, retomamos o trilho... falta muito pouco!
Riacho à vista!
Maravilha!!! Atravesso todo contente da vida e lá me lavo na medida do possível!

Falta pouco mais de 1K! Chego satisfeito!
Abro os braços, como habitualmente...
Terminei, sem grandes mazelas (e a mão, felizmente, é a direita)!
Demorei «p'a caramba!» 
Quase 4 horas!

Fico ali a aguardar pela chegada de outros...
Reencontro o Vitor Veloso! Que já está de banho tomado!
Chega a Analice e peço-lhe para tirar uma foto com ela!
Um exemplo para todos! 70 anos de Vida!
Fica o sabor de finalmente ter um dorsal merecido num trail!
 Prometo voltar no próximo ano!



2 comentários:

  1. Grande Menin...ups...quero dizer Paulo :)...agora és uma estrela em Espanha e tudo :)
    Mais um passo importante em direcção ao objectivo maior daqui a 2 semanas, um bom teste. Eu sou como a Analice (com o devido respeito, não me quero nem posso comparar a tamanho exemplo do nosso pelotão)...gosto mais de subir :)
    Essa parte de rasgar uns dedos...uiiiii....até consegui sentir e não é agradável...um menino tinha-se sentado, chorado e feito uma birra e desistido com tamanho lanho....mas tu não...aguentas-te forte, e com energia renovada finalizaste a prova, chegando ao fim a achar que soube pouco.
    Da próxima que te apareça aí um gajo chato, passa-lhe uma rasteira de forma a que ele mande um chapadão numa poça de lama, ganhe vergonha e deixe o pessoal em paz :)
    Grande abraço e força aí.

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    1. Eheheh! Qual estrela, Carlos? O responsável do site é que é um tipo fantástico a motivar os outros :) Tu é que estás uma máquina! Eu estou a dar os primeiros passos...
      A mão já está quase sarada... pronta para novas aventuras, como o dono!
      Quanto ao chato, nem vale a pena falar mais nele...
      Obrigado pela força e retribuo em dobro!

      Grande abraço

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